"Fim de Michael Jackson não foi o que ele esperava",
diz ex-empresário
No começo dos anos 1990, o alemão Dieter Wiesner trabalhava em um projeto de uma bebida energética que levaria o nome de estrelas. No topo da lista de possíveis candidatos que teriam seu rosto estampado no produto, estava o astro pop Michael Jackson, mas o alemão de olhos azuis claros mal conseguia chegar perto do cantor. "Passei anos tentando convencer seus empresários a conversarem conosco. Um dia, recebi uma ligação dizendo que eu deveria ir aos Estados Unidos para conhecer Michel Jackson. Eu pensei: 'isso deve ser alguma pegadinha'", disse Wiesner ao site de VEJA.
Poucos anos depois, o alemão se tornou o empresário de Jackson e, em algum tempo, seu conselheiro pessoal. Durante esses quase 15 anos em que trabalhou com o cantor, o alemão era responsável por ajudá-lo a fechar contratos e negócios, algo em que ele tinha muito interesse, segundo Wiesner. "Michael estava à frente de seu tempo.
Ele fazia clipes que eram quase filmes quando ninguém fazia. Ele já sabia o que ia estourar antes de estourar. Ele comprou o catálogo dos Beatles porque sabia que isso ia valer muito dinheiro. E queria comprar a Marvel antes de morrer", afirma.
Wiesner seguiu como empresário de outros músicos após a morte de Jackson, como o cantor português Lucenzo (de Danza Kuduro, tema da novela Avenida Brasil). Mas, para todos os fins, ele sempre será "o ex-empresário de Michael Jackson", mesmo que só tenha trabalhado com o cantor em seus anos finais. Mesmo sua visita ao Brasil, para assinar contrato com uma produtora que cuida de Lucenzo na América do Sul (a Sync Produções), foi marqueteada dessa forma.
Wiesner garante que se tornou íntimo de Jackson. "Nós viramos amigos próximos. Eu cheguei a morar no rancho Neverland, tinha uma casa lá. Vi as crianças crescerem e éramos como uma família. Dois meses atrás, estive em Los Angeles e passei um tempo com a mãe dele e com os filhos. Também sou muito próximo ao pai dele, Joe", conta o alemão, que fala sem papas na língua sobre os segredos do cantor. "Ele não queria fazer a turnê This Is It. Era complicado para ele, mas havia muita pressão da gravadora e dos fãs. Michael era uma pessoa que, quando fazia algo, tinha que ser 100%.
Ele queria fazer uma última turnê, mas só 10 shows, e de repente, o contrato previa 50 shows. Eles venderam essas apresentações como 'a volta de Michael', e não era, era o fim. Ele aguentava fazer 10 shows, estava muito magro, mas estava forte para fazer esses", diz.
Mas Wiesner tenta despistar quando fala sobre o médico Conrad Murray, considerado culpado pelo homicídio culposo do cantor. "Eu nunca tive nada a ver com ele. Ele foi contratado pela AEG, a produtora de Jackson. Era algo recente na vida dele. Eu nunca falei com ele e nem posso falar muito mais. Eu falei demais no meu livro e tentaram me processar. Preciso tomar cuidado quando cito nomes", dribla.
"Não posso dizer se ele é ou não o culpado pela morte de Michael. Mas, se você olhar a história e a trajetória de Michael, era evidente o que ele estava fazendo a si mesmo. Quando surgiram todas as alegações [de pedofilia], paramos todo o trabalho para ir ao tribunal. No fim do dia, ele não era culpado, mas sua vida foi destruída. O fim de Michael não foi nada do que ele esperava."
No Brasil para participar do lançamento do Neo Idea, uma nova plataforma musical que chega ao mercado nesta quinta, 24, Dieter Wiesner (à esquerda na foto, que foi tirada no evento), empresário de Michael Jackson à época da morte do Rei do Pop, conversou com a Rolling Stone Brasil a respeito de algumas polêmicas que cercam o cantor. Dentre as afirmações que fez, engrossou o coro que afirma que um imitador tomou o lugar de Michael em gravações lançadas após a morte dele, em junho de 2009.
“As músicas que saíram depois não eram [com] Michael Jackson”, disse ele. Quando questionado sobre a identidade do dono da voz, não quis revelar: “Sei quem é, mas conheço o cara, não quero falar o nome”, respondeu.
Outro fato confirmado por Wiesner foi a vontade que Michael tinha de investir na sétima arte. “Michael tinha um plano para a segunda parte de sua vida. E era um plano muito, muito bom. Ele queria comprar a Marvel, uma empresa de cinema enorme que ninguém estava pensando em comprar. A gente queria adquirir por US$ 1,4 bilhão. Recebi um relatório há uma semana que diz que ela vale US$ 5 bilhões. Então, ele estava exatamente no caminho certo e ainda estava adiante de seu tempo no que fazia. Hoje ele teria o catálogo dos Beatles e esse catálogo de filmes”, afirmou. “Ele não queria morrer. Era um cara que queria viver para sempre.”
Desde a morte de Michael, membros da família, amigos e a equipe de trabalho têm entrado sempre em conflito, um acusando o outro de tentar lucrar com a carreira e a tragédia pessoal do Rei do Pop. Uma das acusações de oportunismo atingiu os irmãos do cantor, quando eles começaram a flertar com a ideia de juntar novamente o Jackson 5. “Eu acho que Michael nunca se reuniria a seus irmãos no palco”, arrisca o ex-manager, que diz não se dar bem com os irmãos, mas se manter próximo aos filhos e ao pai dele, Joe. “Eu não sei se isso vai funcionar, os fãs estão muito focados em Michael. Falaram em um holograma de dele, mas não está decidido”, contou, afirmando que não é necessariamente contra a possibilidade. “Depende de como fizerem. Mas eu não iria a um show desses, eu sei como ele era e não quero vê-lo como um fantasma no palco”.
Apesar do desejo de se aventurar no cinema, Michael continuava compondo e deixou mais material inédito do que se tem notícia. “Ele me falou que não subiria ao palco para fazer o moonwalk aos 50 anos. Mas ele queria a cada dois ou três anos fazer algo bem grande para os fãs, nas pirâmides do Egito ou na China, algo assim. E ele ainda tinha idéias, a mente dele não parava nunca. Ele era uma pessoa muito pé no chão. Dizia que não era ele quem tinha as idéias de composição, criação musical, era Deus. Eu falava ‘Michael, claro que é você. É Deus, mas é você’”.
Conforme já foi amplamente noticiado, contudo, mesmo compondo e ainda trabalhando com música ele não estava com a menor vontade de fazer a turnê para a qual estava escalado logo antes de morrer. “Seria muito fácil para Michael fazer aqueles dez shows no Reino Unido se ele quisesse, se a mente dele estivesse limpa para que ele fosse em frente. Mas ele não queria, esse era o problema. Quando ele soube quer seriam 50 shows... ele não queria fazer.”
Quando ele morreu e não realizou os shows que não queria, foi a vez de Dieter relutar com algo, mas depois ceder. “Não queria escrever Michael Jackson: The True Story” ( foto ), conta, afirmando que aceitou a pedido da mãe dele, Katherine, e que não pretende repetir a experiência.
“Ela falou que eu tinha que contar essas coisas, as dificuldades pelas quais ele passou. Os fãs e a comunidade toda foram ótimos, não esperava isso. O espólio não gostou muito, tentou impedir. Mas o livro saiu. Eles não queriam que alguém contasse que Michael tinha planos. Querem que pareça que ele estava afundado demais nas drogas. Mas não é verdade e eu queria que soubessem.”
Fontes - VEJA e Correio do Estado
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