PREFÁCIO - Talvez nem todas essas 100 histórias sobre Michael Jackson, sejam totalmente verdade. Mas certamente elas não são totalmente mentira ! Durante 50 anos de vida e 40 anos de carreira, Michael Jackson conheceu e conviveu com milhares de pessoas e encantou à todas elas. Cada uma dessas pessoas tem uma história inesquecível para contar, sobre Michael. Aqui estão algumas dessas histórias, que foram recolhidas ao longo de muitos anos. Assim como sua música, a personalidade de Michael Jackson, também é genial ! Voltar para MJ Planet

- O mundo particular de MJ

O mundo particular de Michael



Sexta, 20 de agosto de 1982, 3:30 da tarde. Em algum lugar do Vale São Fernando. Bob Colacello chega ao condomínio que Michael Jackson e sua família estão alugando temporariamente enquanto sua casa está sendo re-decorada.

Michael, de quem todos lembram como o cantor líder do Jackson Five, construiu uma sólida carreira solo para si mesmo – seu último álbum, “Off The Wall”, vendeu aproximadamente 5 milhões de cópias apenas nos Estados Unidos.

Apesar dele ainda gravar com seus irmãos, agora conhecidos como The Jacksons, Michael tem trabalhado com superstars como Paul McCartney, Quincy Jones, Diana Ross e Steve Spielberg, todos dos quais são seus amigos.

Enquanto esperava por uma ligação de Andy Warhol em Nova York, BC e MJ começaram a conversar sobre outra amiga próxima, Jane Fonda.


MICHAEL JACKSON: Na noite em que Henry Fonda morreu eu fui lá e fiquei com a família. Eles estavam conversando e assistindo todos os noticiários. Apesar do pai dela ter morrido, Jane ainda era capaz de mostrar um interesse na minha carreira, perguntando se eu já tinha conseguido o filme, e eu achei aquilo bem doce. Eu acho que eles esperavam que ele morresse há muito tempo. Há meses e meses e meses atrás ela estava falando como se fosse ser qualquer dia. Aconteceu e houve lágrimas às vezes e risos às vezes e eles comeram pouco.

BOB COLACELLO: Então o que você está fazendo? Você tem um filme para gravar?

MJ: Bem, agora eu estou terminando o álbum ["Thriller"] e me concentrando nele. Eu estou fazendo também o outro álbum, o álbum do E.T., ao mesmo tempo. Este álbum é uma novidade para mim porque eu nunca narrei uma história.

BC: O que é o álbum do E.T.?

MJ: É um álbum de história, um álbum duplo e eu estou narrando a história inteira e cantando a música que fizemos. Nós temos encontrado e conversado sobre isso com Steven [Spielberg] por muito tempo – nos juntando e falando sobre fazer dele o maior storybook album de todos os tempos.

BC: O álbum que você está fazendo, você escreveu tudo nele?

MJ: Eu escrevi quatro ou cinco canções.

BC: Steve [Rubell] me disse que você está fazendo algo com Paul McCartney.

MJ: Sim. Paul estava aqui e eu escrevi uma música chamada “The Girl Is Mine”, nós cantamos juntos no meu álbum. Nós estamos brigando por causa de uma garota na música e saiu linda, no seu álbum também, nós escrevemos e cantamos duas canções juntas, a “Tug ‘O War Part II” dele. Mas para mim é a canção que escrevi. Tem um rap no final onde nós estamos brigando por causa dela. É engraçado.

BC: Você é bem aberto para trabalhar com outros astros. Muitas pessoas não são.

MJ: Eu não sou, na verdade. Nem um pouco.

BC: Você trabalhou com Diana Ross…

MJ: Apenas pessoas muito especiais. Quero dizer, Diana é como uma mãe-amante-amiga para mim. Ela é maravilhosa. Eu acabei de escrever, produzir e editar o próximo single dela, “Muscles”.

BC: Você escreveu as letras, também?

MJ: Letras, música – Eu acabei de terminar a canção e ela deve sair no fim deste mês.

BC: Onde você arranja todo este tempo para escrever?

MJ: Em aviões. Eu estava voltando da Inglaterra depois de trabalhar no álbum de Paul McCartney, zunindo no Concorde, e esta canção entrou na minha cabeça. Eu disse, “Hey, é perfeita para a Diana!” Eu não tinha um gravador nem nada então eu tive que sofrer por três horas. Quando eu cheguei em casa eu bati aquele bebê na fita.

BC: Você se importa com política?

MJ: Eu não gosto de falar sobre isso.

BC: Você não fala sobre isso com Jane [Fonda]?

MJ: Não, nós falamos. Ela é maravilhosa. Ela me ensina todos os tipos de coisa. Quando eu estava no set de “Golden Pond” eu fiquei com Jane na cabine e nós estávamos completamente sozinhos na água e nós apenas conversamos, conversamos, conversamos sobre tudo. Foi a melhor educação para mim – ela aprendia e eu aprendia. Nós falávamos sobre todos os tipos de coisa, você pode nomear: política, filosofia, racismo, Vietnã, atuação, todos os tipos de coisa. Era mágico.

BC: Onde você foi educado, por que você sempre estava na estrada.

MJ: Escolas particulares ou tutores.

BC: Você vem de Gary, Indiana? Como é crescer lá?

MJ: Na verdade, eu era tão pequeno que não me lembro. Quando eu tinha cinco anos eu estava em turnê, cantando e dançando. Sempre fora, sempre fora da escola. Eu apenas me lembro de coisas pequenas como a loja do bairro ou certas pessoas no bairro. O colegial atrás de nós sempre teve uma grande banda com trompetes e trombones e baterias saindo na rua – eu amava aquilo – como uma parada. É tudo que me lembro.

BC: Você gostava de se apresentar quando era criança? Você sempre amou isso?

MJ: Sempre amei. Eu sempre adorei o sentimento de estar no palco – a mágica que vem. Quando eu piso no palco é como se de repente uma mágica de algum lugar vem e o espírito chega em você e você perde o controle sobre si mesmo. Eu subi no palco do concerto de Quincy [Jones] no Rose Bowl e eu não queria subir no palco. Eu estava me escondendo e esperando que ele não me visse me escondendo atrás das pessoas quando ele me chamou. Então eu subi e fiquei louco. Eu comecei a subir na plataforma, nas caixas de som, no equipamento de luz. A platéia começou a gostar e eu comecei a dançar e cantar e é isso que aconteceu.

BC: Como você compara atuação a apresentação no palco?

MJ: Eu amo os dois. Atuação é como o creme da colheita. Eu amo me apresentar. É uma fuga fenomenal. Se você quer deixar sair tudo que você sente, é a hora de fazer. Com atuação, é como se tornar outra pessoa. Eu acho que isso é jóia, especialmente quando você esquece. Se você esquece totalmente, o que eu amo fazer, é quando é mágico. Eu amo criar magia – criar algo que não é comum, tão inesperado que choca as pessoas. Às vezes a frente de seu tempo. Cinco passos a frente do que o que as pessoas estão pensando. Então as pessoas vêem e dizem, “Uou, eu não estava esperando por isso.” Eu amo surpreender as pessoas com um presente ou com uma apresentação ou qualquer coisa. Eu amo John Travolta, que saiu daquele show “Kotter”. Ninguém sabia que ele podia dançar ou fazer todas essas coisas. Ele é tipo – boom. Antes dele saber, ele era o próximo grande Brando ou algo do tipo.

BC: Ele não tem feito muito ultimamente.

MJ: Eu sei. Eu acho que ele está escolhendo scripts e coisas assim. É sempre difícil para alguém competir contra seus sucessos passados.

BC: Me diga, quem você acha que tem revolucionado em seu trabalho em qualquer área?

MJ: Eu amo muito Steven Spielberg. Eu amo James Brown. Ele é fenomenal. Eu nunca vi um performer criar eletricidade numa platéia como James Brown. Ele tem todos em suas mãos e o que ele quer fazer com eles, ele faz. É fantástico. Eu sempre achei que ele é menosprezado. Eu amo Sammy Davis Jr., eu amo Fred Astaire. Eu amo George Lucas. Eu sou louco por Jane Fonda e Katharine Hepburn.

BC: Eu vi uma foto de você com Katharine Hepburn no set de “On Golden Pond”.

MJ: Eu me sinto honrado em conhecer ela porque tem muitas pessoas que ela não gosta – ela te diz logo de cara se ela não gosta de você. Quando eu conheci ela eu estava um pouco nervoso porque você ouve essas coisas sobre ela – Jane me enturmou. Eu estava um pouco amedrontado. Mas, de cara, ela me convidou para jantar aquele dia. Desde então nós somos amigos. Ela veio ao nosso show – o primeiro show que ela foi na vida – no [Madison Square] Garden, e ela adorou. Nós ligamos um para o outro e ela me manda cartas. Ela é maravilhosa. Eu fui à casa dela em Nova York e ela me mostrou a cadeira favorita de Spencer Tracy e as coisas particulares dele no armário, seus penduricalhos. Eu acho ele mágico.

BC: Você é um fã de filmes antigos?

MJ: Oh, sim. Havia muita boa arte, boas atuações, boas direções, boas estórias. Quando se trata de coisas como “Captains Courageous” ou “Boys’ Town”, “Father Flanagan”, “Woman of the Year” – esse tipo de coisa é irreal.

BC: Por que você não escreve uma estória?

MJ: Isso é o que estamos trabalhando agora. Nós estamos meio que brincando com isso, Quincy e Steven e eu – espero que possamos fazer algo com isso. Steven quer fazer um musical.

BC: Você gostaria de fazer Broadway?

MJ: Não agora. Eu acho que é bom para afiar suas habilidades. É a melhor forma para alcançar o auge do seu talento. Você vai tão longe e chega ao ponto mais alto dele e diz, “Talvez seja essa a melhor performance que eu posso fazer.” O que é tão triste sobre isso é que você não grava o momento. Olhe quantos grandes atores ou entertainers se perderam no mundo porque eles fizeram uma performance uma noite e foi apenas isso. Com filme, você pode gravar isso, é mostrado ao mundo inteiro e estava lá pra sempre. Spencer Tracy será jovem em “Captains Courageous” e eu posso aprender e ser estimulado pela performance dele. Tanto é perdido no teatro, tanto. Você sabe o que eu poderia aprender assistindo todos estes entertainers? Seria irreal.

BC: A maioria das peças são gravadas agora, mas não toda noite.

MJ: É isso. O ator está tenso, ele está sendo filmado e as coisas não estão acontecendo naturalmente. É isso que eu odeio na Broadway. Eu sinto como se estivesse dando muito para nada. Eu gosto de gravar coisas e segurá-las e dividi-las então com o mundo todo.

BC: Parece que o que realmente o motiva é o seu desejo de entreter as pessoas, de agradá-las. E fama e dinheiro? Você poderia imaginar não ser famoso ou ser famoso te aborrece?

MJ: Nunca me aborreceu exceto alguns momentos em que você quer paz. Como ir ao cinema e dizer, “Ninguém vai me aborrecer essa noite, eu estou usando meu chapéu e óculos e eu vou me divertir com este filme e isso é tudo.” Você chega lá e todo mundo está olhando para você e no clímax do filme alguém encosta no seu ombro pedindo por um autógrafo. Você sente como se não pudesse fugir.

BC: É por isso que você vive aqui no Valley em oposição a Beverly Hills onde todas as outras estrelas vivem?

MJ: Sim, mas é tão ruim quanto. Beverly Hills é pior porque todos vão lá procurando por eles.

BC: Você é muito ligado a seus pais. Eles vivem aqui em L.A.?

MJ: Sim. Minha mãe lá em cima. Meu pai lá no escritório.

BC: Como é um típico dia seu?

MJ: Sonhando acordado a maior parte do dia. Eu me levando cedo e fico pronto para o que eu tiver que fazer, composição ou o que seja. Planejando o futuro e coisas.

BC: Você é otimista em relação ao futuro?

MJ: Sim, eu sempre gosto de planejá-lo e seguí-lo.

BC: Liza Minelli é uma amiga sua, não?

MJ: Como eu poderia me esquecer dela? Eu sou louco por Liza. Adicione ela à minha lista de pessoas favoritas. Eu amo muito ela. Nós ficamos no telefone e apenas fofocamos, fofocamos e fofocamos. O que eu gosto em Liza é que quando estamos juntos é apenas conversas sobre show. Eu mostro a ela meus passos favoritos e ela me mostra os delas. Ela é uma performer estupenda, também. Ela tem verdadeiro carisma. Eu gostaria de gravar com ela no futuro. Eu acho que uma pessoa como ela deveria ser ouvida no rádio e aceitada. Ela é mágica no palco.

BC: Você se importa muito com moda?

MJ: Não. Eu me importo com o que eu uso no palco. Você sabe o que amo, no entanto? Eu não me importo com roupas do dia-a-dia. Eu amo vestir uma roupa ou uma fantasia e apenas olhar para mim mesmo no espelho. Calças baggy ou alguns sapatos bem funky e um chapéu e apenas sentir o personagem disso. É um grande divertimento para mim.

BC: Você gosta de atuar apenas na vida do dia-a-dia?

MJ: Eu amo muito isso. É uma fuga. É divertido. É legal se tornar outra coisa, outra pessoa. Especialmente quando você realmente acredita nisso e não é como se você estivesse atuando. Eu sempre odiei a palavra “atuar” – para dizer, “Eu sou um ator”. Deveria ser mais do que isso. Deveria ser mais como uma crença.

BC: Mas isso não é um pouco assustador quando você acredita totalmente?

MJ: Não, é por esta razão que eu amo isso. Eu gosto de realmente esquecer.

BC: Por que você quer tanto esquecer? Você acha que a vida é muito difícil?

MJ: Não, talvez seja porque eu gosto de pular nas vidas das outras pessoas e explorar. Como Charlie Chaplin. Eu amo muito ele. O pequeno *********, todo o vestuário e seu coração – tudo o que ele representava na tela era truísmo. Era toda a sua vida. Ele nasceu em Londres, e seu pai alcoólatra morreu quando ele tinha seis anos. Sua mãe estava em um sanatório. Ele perambulava as ruas da Inglaterra, implorando, pobre, faminto. Tudo isso reflete na tela e é isso que eu gosto de fazer, trazer todas estas verdades para fora.

BC: Você se importa em ganhar dinheiro?

MJ: Eu me importo em ser pago de forma justa para o que eu faço. Quando eu começo um projeto, eu coloco todo o meu coração e alma nele. Porque eu realmente me importo com isso, eu coloco tudo o que eu tenho nele e eu quero ser pago. O cara que trabalha deve comer. É simples assim.

BC: Você acompanha seus negócios de perto então?

MJ: Oh, sim.

BC: Quantos anos você tem?

MJ: Vinte e três.

BC: Você às vezes sente como se tivesse perdido sua infância porque você sempre esteve se apresentando no mundo adulto?

MJ: Às vezes.

BC: Mas você gostar de pessoas mais velhas do que você, com mais experiência.

MJ: Eu amo pessoas com experiência. Eu amo pessoas que têm talentos fenomenais. Eu amo pessoas que trabalharam duro e são corajosas e são os líderes de seus campos. Para mim conhecer pessoas assim e aprender com elas, e dividir palavras com elas – para mim isso é mágico. Trabalhar juntos. Eu sou louco por Steven Spielberg. Outra inspiração para mim, e eu nem sei de onde veio, são as crianças. Se eu estou para baixo, eu pego um livro com fotos de crianças e olho para ele e isso apenas me levanta. Estar em volta de crianças é mágico.

BC: Há algo de positivo e encorajador nelas. Você tem muitos animais, não?

MJ: Eu tinha. No momento eu tenho apenas dois bebês veados, um macho e uma fêmea. Eles são tão doces. São maravilhosos.

BC: Eu nunca irei entender como as pessoas podem caçar veados.

MJ: Eu odeio isso. Eu odeio lojas de taxidermia e todo esse lixo. Eu tenho uma lhama. Eu tenho um carneiro – ele se parece como um carneiro com os chifres. Louie é do circo. Ele é uma lhama. O carneiro é chamado Sr. Tibbs.

BC: O que você vai fazer com eles quando eles crescerem?

MJ: Deixarei eles irem no jardim. Nós temos cerca de dois acres.

BC: Que tipo de carro você tem?

MJ: Um Rolls. Um preto.

BC: Você gosta de dirigir?

MJ: Eu nunca quis dirigir. Meus pais me forçaram a dirigir. Quincy não dirige. Muitas pessoas que eu conheço não dirigem.

BC: Andy [Warhol] não dirige.

MJ: Isso é inteligente. Mas é bom quando você quer um pouco de independência para sair. Mas eu não vou a muitos lugares. Eu não conheço muitos lugares. Eu apenas dirijo na rua.

BC: Você não sai muito?

MJ: Só para ir no Golden Temple, um restaurante de comida saudável. Eu sou vegetariano. Ou para ir na loja de videogames.

BC: Você se interessa por arte?

MJ: Eu amo desenhar – lápis, caneta à tinta – eu amo arte. Quando eu estou em turnê e visito museus como em Holanda, Alemanha ou Inglaterra – sabe aquelas pinturas enormes? – eu fico maravilhado. Você não acha que um pintor possa fazer algo como aquilo. Eu posso olhar para um obra de escultura ou um quadro e me perder totalmente nisso. Olhá-lo e me tornar parte da cena. Pode te fazer chorar, pode realmente te tocar. Você vê, é isso que eu acho que um ator ou performer deveria ser – tocar aquela verdade dentro da pessoa. Tocar aquela realidade de tal forma que eles se tornam parte do que você está fazendo e você pode os levar a qualquer lugar que quiser. Você está feliz, eles estão felizes. Qual seja a emoção humana, eles estão bem ali com você. Eu amo realismo. Eu não gosto de plásticos. No fundo todos somos iguais. Nós todos temos as mesmas emoções e é por isso que um filme como “E.T.” toca todo mundo. Quem não quer voar como Peter Pan? Quem não quer voar com alguma criatura mágica de espaço afora e ser amigo dele? Steven foi direto ao coração. Ele sabe – quando em dúvida, procure o coração.

BC: Você é religioso, não é?

MJ: Sim. Eu acredito na Bíblia e eu acredito em Deus cujo nome é Jeová e tudo o que o envolve.

BC: Alguém disse que é por isso que você não se barbeia.

MJ: Oh não! Não cresce nada para eu barbear. Isto não tem nada a ver com isso.

BC: Então você é apenas um cristão básico.

MJ: Eu acredito na verdade.

BC: Você lê a Bíblia?

MJ: Sim, muito.

BC: Você vai à igreja?

MJ: Nós não a chamamos de igreja. É o Kingdom Hall. Das Testemunhas de Jeová.

BC: Você mencionou que vai ver Bette Midler amanhã? Vocês estão trabalhando em algo juntos?

MJ: Não, eu vou até esse cara chamado Seth Riggs. Quando eu canto, eu gosto que a minha voz se abra – como um dançarino se preparando.

BC: Então, são como aulas de respiração?

MJ: Certo. E logo após eu terminar, ela chega. Ela está sempre na hora.

(Andy Warhol liga de Nova York)

ANDY WARHOL: Olá?

MJ: Oi.

AW: Deus, isso é excitante. Sabe, toda vez que eu uso meu walkman eu coloco a sua fita cassete pra tocar.

MJ: Você tem visto Liza recentemente?

AW: Sim, eu vi. Ela estava na Europa mas eu a vi no show de moda no Halston. Ela mudou de penteado. O cabelo dela se parece com o seu agora. É bem encaracolado na frente e ela está diferente e muito bonita. Ela tem um ótimo novo look. Ela foi ao Halston semana passada e está em Nova York agora. Como você tem estado?

MJ: Eu tenho ido muito ao estúdio, escrevendo letras e trabalhando em canções.

AW: Eu provavelmente irei ver um grupo de rock inglês no Ritz hoje à noite chamado Duran Duran. Você conhece eles?

MJ: Não.

AW: Eu fui ver a Blondie no Meadowlands semana passada.

MJ: Como ela estava?

AW: Ela estava ótima. Ela é maravilhosa. Você a conhece?

MJ: Não, não a conheço.

AW: Bem, quando você vir a Nova York eu lhe a apresentarei. Sair em turnê é uma das coisas mais duras no mundo.

MJ: Viajar em turnê é algo – andar de um lado para o outro. Mas estar no palco é a coisa mais mágica nela.

AW: Eu mal posso esperar até você fazer um grande filme. Já te pediram para fazer algum?

MJ: Meu quarto está cheio de scripts e ofertas. E muitas delas são grandes idéias. Mas o tipo de pessoa que eu sou é que eu tenho alguém em mente que eu gostaria de trabalhar e eu estou tentando ter certeza de que faço a coisa certa. Eu não quero cometer um erro.

AW: Apenas faça todos eles. Você não pode errar. Você é muito bom. Você imaginou que quando maior seria um cantor?

MJ: Eu nem me lembro de não estar cantando, então eu nunca sonhei em cantar.

AW: Você ainda está colecionando roupas? Você tem um bom designer?

MJ: Na verdade, eu não coleciono nada a não ser quando eu vou estar no palco. A única coisa que eu gosto de colecionar são fantasias ou casacos de piratas e coisas assim. Mas roupas do dia-a-dia eu não me importo.

AW: O que você usa?

MJ: Agora eu estou usando calças de veludo cotelê com um grande buraco na joelho e blusa e gravata rosa.

AW: Você saiu muito ou fica em casa?

MJ: Eu fico em casa.

AW: Por que você fica em casa? É tão divertido sair. Quando você vier a Nova York sairemos juntos.

MJ: O único momento em que eu quero sair é quando eu estou em Nova York.

AW: Você vai ao cinema?

MJ: Oh, sim. Nós vamos trabalhar no álbum do E.T. Eu fiz uma sessão fotográfica com o E.T. e foi maravilhoso… ele está me abraçando e tudo.

AW: Eu gosto de Tron. É como jogar os video games. Você assistiu?

MJ: Sim. Não me emocionou.

AW: Bem, muito obrigado. Nos vemos em breve.

MJ: Eu espero que sim. Se você vir a Liza, diga alô. Dê a ela um grande beijo e abraço por mim.

(AW desliga)

BC: Você gosta dos Rolling Stones? Você conhece Mick?

MJ: Eu o conheci em um banheiro. Ele estava lá com Keith – Keith Moon?

BC: Keith Richards.

MJ: Eu entrei lá e disse, “Oh, oi”, e nós começamos a conversar. Depois eu voltei pra minha sessão. Eu realmente não o conheço tão bem.

BC: Você lê muito?

MJ: Sim. Eu amo ler. Eu gosto de filosofia e estórias curtas. Eu gosto de me manter atualizado com os best-sellers. O The Calendar in the Sunday L.A. Times é o meu jornal favorito. Ele realmente te informa sobre o que está acontecendo em todos os lugares. Eu tenho meus autores favoritos – não é como se eu apenas lesse os best-sellers. Eu gosto de ver o que eles estão fazendo e me manter informado sobre o que as pessoas estão interessadas. Tem muita coisa física agora.

BC: Você se exercita?

MJ: Todo domingo eu danço por 30 minutos diretos sem parar. Eu amo fazer isso.

BC: Por que domingo?

MJ: É apenas o dia que eu escolhi. Como eu jejuo todo domingo. Eu não como nada. Apenas sucos.

BC: Por que você faz isso?

MJ: Porque inunda o sistema, limpa o cólon. Eu acho isso ótimo. Para funcionar você tem de fazer certo. É o cano de esgoto do sistema. Você tem de mantê-lo limpo como você mantém a parte externa do seu corpo. Todas essas impurezas saem do seu sistema porque você não está limpo por dentro. Ela sai em espinhas ou doenças ou por grandes poros. Toxinas tentando sair do seu sistema. As pessoas deviam tentar se manter limpas.

BC: Você não lê a página um do jornal?

MJ: Não. Eu olho pra ela mas eu não a leio.

BC: Muito depressiva?

MJ: Sim. É sempre a mesma coisa. Eu gosto de fazer as pessoas felizes. Isso é que é ótimo no show business. É uma fuga. Você paga cinco dólares para entrar e sentar lá e você está em um outro mundo. Esqueça os problemas do mundo. É maravilhoso. É divertido. É mágico.

Por : Bob Colacello; traduzida e editada por Bruno Couto Pórpora
Matéria publicada pela revista americana “Interview”, em outubro de 1982.

Fonte: Michael Jackson – Extraordinary

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